O desacolhimento familiar é um momento marcante dentro do Serviço de Acolhimento Familiar da Casa da Criança e do Adolescente de Valinhos. Ele ocorre quando a criança, após um período sendo cuidada por uma família acolhedora, retorna ao convívio da família de origem ou é adotada por uma nova família definitiva. Esse processo representa o encerramento de um ciclo importante na vida da criança e da família acolhedora, sendo uma etapa natural e esperada dentro do acolhimento. É um momento de transição que exige cuidado, sensibilidade e apoio emocional.
A equipe do serviço de acolhimento familiar da Casa da Criança e do Adolescente de Valinhos realizou um encontro especial com uma família acolhedora para celebrar o encerramento de mais um ciclo de acolhimento. A criança em questão está em processo de adoção, o que marca uma nova fase em sua trajetória. Os responsáveis do Serviço relatam que para a acolhida, trata-se de um momento muito especial, repleto de esperança e novos começos. Já para a família acolhedora, é hora de se despedir, com o coração cheio de amor, por ter cumprido sua missão de forma acolhedora, afetiva e responsável.
A família acolhedora tem um papel fundamental no processo em que atua com a criança. A instituição registra que além de oferecer um lar temporário, a família acolhedora proporciona afeto, segurança e estabilidade emocional enquanto a situação da criança é avaliada e encaminhada pela rede de proteção. É graças a esse cuidado que a criança pode seguir adiante mais fortalecida, com vínculos saudáveis e com mais chances de se desenvolver plenamente em sua nova realidade familiar. A presença dessas famílias é, portanto, essencial para que o acolhimento cumpra seu papel humanizado e protetivo.
Casados há 13 anos, Camila e Renato Barbati têm uma filha, Luíza, de 5 anos, e estão há 9 anos no Serviço de Acolhimento Familiar. Ambos estão em processo de conclusão do quinto acolhimento. “Temos o acolhimento familiar como uma missão, na qual aprendemos muito com cada criança e história que chega para nós. Ser o guarda-chuva no momento de tempestade, é um privilégio que temos, poder proporcionar a uma criança esse convívio em família durante essa tempestade nos faz redefinir o amor incondicional”, avalia Camila.
Também apontam que é necessário cuidar dos sentimentos que ficam nas famílias acolhedoras após o desacolhimento. A despedida de uma criança que esteve sob seus cuidados por semanas ou meses pode trazer uma mistura de emoções: alegria pela conquista da criança, tristeza pela separação, saudade e até sensação de vazio. No entanto, a equipe do Serviço garante que as memórias afetivas serão perpetuadas positivamente.
“A parte mais difícil é o desacolhimento, o momento de ir embora. Mesmo sabendo desde o início que um dia essa criança terá sua situação resolvida, e que essa separação é iminente, é um desafio muito grande. O que conforta nosso coração é saber que enviaremos uma criança em uma situação melhor do que quando ela chegou. Saber que ela levará consigo um pouquinho de nós, de nossos valores e princípios, e até mesmo manias, e de igual forma, sempre fica um pedacinho dela conosco, há uma grande troca durante o processo. Isso tudo nos proporciona o sentimento de dever cumprido”, ressalta Camila. “Este desacolhimento está sendo um sonho para toda a família acolhedora”, acrescenta Renato Barbati.
Por isso, o Serviço de Acolhimento Familiar se compromete não apenas com o bem-estar das crianças, mas também com o cuidado emocional das famílias que as acolhem. Cuidar de quem cuida é parte indispensável do trabalho. “Compreendo que faz parte do nosso trabalho cuidar das famílias acolhedoras, proporcionar momentos em que elas possam se fortalecer para passar pela etapa em que uma criança vai embora. A família precisa se sentir amparada e cuidada para que, posteriormente, possa acolher outras crianças. Cuidar do coletivo de Famílias Acolhedoras é possibilitar que o Serviço siga pronto para receber novas crianças. É possibilitar momentos de trocas e afetos”, destaca Camila Forster, coordenadora do Serviço de Acolhimento Familiar da Casa da Criança e do Adolescente de Valinhos.
Esses encontros de despedida, como o realizado recentemente, são momentos de celebrar a jornada vivida, agradecer à família acolhedora e fortalecer os laços entre todos os envolvidos. São ocasiões marcadas pelo afeto, pela empatia e pela certeza de que uma rede de cuidado está funcionando em benefício da criança. A parceria entre a equipe técnica e as famílias acolhedoras é o que torna possível um acolhimento cheio de amor, respeito e dignidade, sempre com o objetivo de garantir às crianças o direito de crescer em uma família, com segurança e afeto.