Representantes do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora da Casa da Criança e do Adolescente de Valinhos participaram na segunda semana de agosto do evento “Acolhimento Familiar: Fortalecendo Laços, Construindo Futuros”, promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, voltado à divulgação e ao fortalecimento dessa modalidade de acolhimento. A iniciativa reuniu autoridades, representantes do Conselho Nacional de Assistência Social e profissionais de diferentes regiões que atuam na execução do serviço em todo o país.
Durante as sessões, foram tratados os temas e os avanços do acolhimento familiar como marco político. Houve forte preocupação com a necessidade de uma mobilização social incessante para engajar novas famílias na política de acolhimento como uma estrutura de política pública.
Os participantes destacaram que proporcionar relações familiares a crianças e adolescentes no contexto de sua vulnerabilidade e fornecer-lhes cuidado resulta em um desenvolvimento saudável. O vínculo amoroso que se constrói dentro dessa situação é citado como um dos fatores mais cruciais no desenvolvimento emocional e social do indivíduo.
A professora Ana Lucia Campos, especialista em neurodesenvolvimento, ressaltou a importância do ambiente familiar para o crescimento saudável. Segundo ela, “é preciso o diálogo, o sentir o afeto e permitir o movimento. Alterações na conectividade impactam diretamente o caminho da criança”. Ela também alertou para a resistência de algumas famílias em aderir ao serviço: “As famílias não podem ter medo de acolher. Quando compreendem a importância do apego seguro e das conexões no desenvolvimento cognitivo e emocional, entendem também o valor de abrir espaço em suas casas para acolher.”
Entre os principais entraves à ampliação do serviço, foram apontadas questões orçamentárias e culturais. Foi apontado o estranhamento ainda existente em relação à prática do acolhimento familiar, indicando a necessidade de aproximação entre a política pública e a comunidade.
Camila Forster, coordenadora do Serviço de Acolhimento Familiar da Casa da Criança e do Adolescente de Valinhos, comentou sobre os obstáculos enfrentados. “Ainda encontramos resistência e muitos mitos sobre as crianças acolhidas, o que acaba afastando possíveis famílias. Precisamos lembrar que são crianças que, apesar das violências sofridas, carregam potencial de vida. A questão do apego costuma ser uma barreira: como cuidar e depois deixar ir? Mas quando priorizamos a criança e sua trajetória, conseguimos compreender a importância de ela estar inserida em um ambiente familiar”, afirmou.
Camila também destacou a relevância da participação no evento como parte do processo contínuo de capacitação da equipe, com foco no aprimoramento da prática e no fortalecimento do serviço oferecido em Valinhos.