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Aos 84 anos, voluntária do Janela Aberta revela laço transformador entre arte e infância

Humildade nas palavras e muito talento para transmitir sua experiência às crianças do Projeto Janela Aberta da Casa da Criança e do Adolescente de Valinhos. Formada em Artes, aos 84 anos, Eunice dos Santos Vaz compartilha todo o seu conhecimento com os alunos que frequentam a Oficina das Artes da instituição. “Na arte não tem certo ou errado. Cada um tem o seu dom. Nas minhas aulas, eu preparo um questionário, onde as crianças escrevem o que querem aprender. Pode ser uma pintura com guache, um desenho com lápis de cor. Para a próxima aula, por exemplo, eu fiz o desenho de uma janela e deixarei eles livres para desenharem o que eles queiram ver ao amanhecer após abrirem aquela janela”, conta a professora, que reside com a filha há pouco mais de sete meses em Valinhos.

Eunice nasceu em Santos e, por mais de 30 anos, faz trabalho voluntário, principalmente com crianças. “Em Santos, por muitos anos, eu trabalhei na alfabetização de crianças de pais analfabetos nas comunidades mais pobres. Quando vim para Valinhos, comecei a procurar e encontrei a Casa da Criança e Adolescente, onde me identifico muito. O acolhimento é fantástico. As crianças estão felizes e se comunicam através do olhar. São educadas e parecem que estão gostando das aulas”, destaca Eunice, que dá aulas às terças-feiras, das 15h às 16h30.

Na apostila dos alunos, que frequentam a Oficina das Artes, consta a seguinte frase: “A Arte existe porque a vida não basta”, do escritor e poeta maranhense, Ferreira Gullar, falecido em 2016. “Transmito a eles que a arte é uma maneira de expressão e que, através dela, a gente conhece a história de muitos povos. O meu trabalho é de formiguinha. Costumo dizer que não sou artista, eu ensino arte”.

Amizade com o Rei Pelé

Viúva há 18 anos, Eunice conta um fato curioso da época em que morava em Santos. “Há muitos anos nós convivemos com o Pelé, após ele parar com o futebol. Ele jogava tênis com meu marido no Clube Internacional de Regatas, lá em Santos, onde nós éramos sócios. Eu tenho até uma capa de raquete do meu marido que ele assinou. Eu comentei isso na primeira aula e os alunos ficaram eufóricos e curiosos. Tive que levar e mostrar pra eles verem a assinatura do Pelé. Ele assinava Edson Pelé.”

Eunice fala com orgulho dos seus 84 anos e do trabalho voluntário que realiza no Janela Aberta. “O maior exemplo que posso dar é a minha idade. Aos 84 anos, eu consigo fazer tudo isso porque Deus me deu o privilégio de ter saúde. Enquanto estou lúcida, saudável e com disponibilidade, por que não ajudar? Quando você quer, você pode. E eu quero compartilhar o meu conhecimento com muito amor para que as crianças possam aproveitar a vida. Eu não sei quem está ganhando mais, eles ou eu, pois o retorno que recebo é maravilhoso”, finaliza.